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XI Enpecom

Comunicação entre discursos de ódio e processos de mobilização

Desde 2013 e, de forma evidente, a partir das últimas eleições presidenciais, a narrativa midiática da polarização e da radicalização política se tornou hegemônica. Com ela, o ódio canalizado por diversos discursos e arenas é cada vez mais normalizado. Odeia-se de maneira cada vez mais aberta. Não apenas em comentários nas redes sociais entre pessoas com distintas visões de mundo, mas políticos vociferam agressões e preconceitos, testando não só os limites do decoro dos cargos públicos como incitando cada vez mais seus simpatizantes ao ódio e a violência física. Este contexto, embora não seja novo ou resultado unicamente da presença das tecnologias digitais, se expandiu e foi potencializado nos últimos tempos.

Ódio a partidos políticos, às mulheres, a pessoas negras, aos LGBTQ+, aos adeptos de determinadas religiões e credos, a ideologias políticas, aos ativistas,  às ONGs, aos direitistas e esquerdistas. Esse ódio que se descarrega sem freios – de forma cada vez mais presente na internet, mas não só nela – parece ter origens, causas e consequências distintas e que precisam ser diferenciadas. Sua causa e seu objeto podem ser completamente distintos, mas independente de suas razões, o ódio quer apenas um motivo para se efetivar. E é através dos meios de comunicação que ele encontra formas de contágio e disseminação. O ódio mobiliza aqueles que odeiam e paralisam as suas vítimas. Como combatê-lo? Quais suas reais causas? Qual o papel da mídia nisso? Como o jornalismo torna-se, também, responsável pela sua disseminação? E na publicidade e nas relações públicas, como as áreas têm enfrentado este debate? Existem estratégias efetivas para dirimi-lo a partir da mídia?

Por outro lado – e não menos importante – os espaços comunicacionais, seja na internet ou na mídia tradicional, também têm um importante papel no processo de mobilização. Ao mesmo tempo em que se tem a expansão do discurso de ódio, muitos grupos encontram na comunicação uma forma de mobilizar e dar visibilidade às causas das minorias e a temas de debate público. Não é incomum a organização de grupos para chamar a atenção de alguma questão social – como pode ocorrer com coletivos, ONGs e movimentos sociais – e levantar a discussão, seja para ganhar visibilidade entre os cidadãos comuns ou na esfera política. Dessa forma, as redes sociais e outras arenas discursivas oferecem um sentido mais positivo de suas potencialidades e dividem espaço com o cenário caótico do discurso de ódio.

Neste sentido, a XI edição do Enpecom tem como tema “Comunicação entre discursos de ódio e processos de mobilização” e convida os pesquisadores e pesquisadoras para discutir as dimensões comunicacionais e mediáticas deste contexto de proliferação do discurso de ódio que, particularmente, parece fluir de maneira desenfreada nas redes digitais enquanto, de outro modo, estas mesmas redes podem ser usadas como forma de mobilização política de grupos minoritários. Esta temática já vem sendo discutida do ponto de vista científico, oferecendo insights para compreender o atual cenário comunicacional nas democracias contemporâneas, e o Enpecom se coloca como um espaço para expandir tais discussões e ampliar o leque de estudos sobre o assunto.

Sejam muito bem-vindos e bem-vindas ao 11º Enpecom!